sexta-feira, 9 de abril de 2010

O silêncio também comunica


O silêncio não é apenas "complemento de linguagem. Ele tem significância própria (...) o silêncio não está apenas "entre" as palavras. Ele as atravessa. Acontecimento essencial da significação, ele é matéria significante por excelência". (ORLANDI, 2002)


Ao contrário do que muitos pensam, o silêncio também comunica; ele aparece nas entrelinhas, construindo uma linguagem que por muitos passa despercebida. O discurso não é composto apenas por imagens, vocábulos e símbolos. Na época da ditadura, por exemplo, a presença do silêncio podia ser traduzida no medo que as pessoas sentiam de se expressar e de serem interpretadas; a censura aproximou aquele "cálice" à população, tão temido por todos.

No mundo da publicidade e da propaganda, o silêncio está sempre presente nos anúncios, seja no meio das palavras ou inserido nas imagens. De um modo mais discreto e implícito, as declarações não ditas e as formas não exibidas estão sempre atingindo o incosciente dos "alvos" de publicitários e propagandistas, persuadindo-os a ter certa idéia ou a comprar certo produto/serviço. O que será que está por trás desse fenômeno que adquire cada vez mais consumidores e adeptos? A sociedade do hiperconsumo está formada, e o silêncio continua a flutuar nas nossas mentes, passando informações e difundindo pensamentos. Afinal, o silêncio é arte, e também comunica...



texto: Renata Othon

Um comentário:

  1. Para pensarmos o silêncio e sua imersão nas práticas midiáticas, Charaudeau (2009, p. 60-61)afirma:

    Discurso informativo e discurso propagandista têm em comum o fato de estarem particularmente voltados para seu alvo. O propagandista, para seduzir ou persuadir o alvo, o informativo para transmitir-lhe saber. Em ambos, a organização do discurso depende das hipóteses feitas a respeito do alvo, especificamente a respeito dos imaginários nos quais estes se movem. No discurso propagandista, o status da verdade é da ordem do que há de ser, da promessa: um dom mágico é oferecido (‘a eterna juventude’, pelo publicitário, ou o ‘bem estar social’ pelo político), cuja realização benéfica para o alvo só se concretizará se este se apropriar do dom.

    O que nos interessa aqui é exatamente como os discursos veiculaods pelos comerciais publicitários tratam o conceito, o objeto de consumo... será que as narrativas orais e as imagens dão conta da mensagem? Ou algo fica em nível de silêncio?

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